O Bosque de Cerejeiras
Em meio à guerra, o samurai não teve a força que devia, matou o pai, matou a mãe e por fim arrancou, com uma passada cruel de sua lâmina cortante, a cabeça do irmão... O menino estava no armário, e suas lágrimas escorreram ardidas e tardias, assim como o sangue de sua família, que lavou aquela terra. Ele saiu escancarando as portas do armário, vestindo uma máscara demoníaca, e avançou sobre o samurai. O pequeno possuía o corpo frágil e esquelético, dentes brilhantes e cabelo liso. O guerreiro por sua vez não recuou e não atacou, apenas observou, e observou... Por fim, golpeou o menino na cabeça e o largou desmaiado dentro da casa, saiu e ordenou que aquela terra maldita fosse queimada por inteira...
... Ó, uma bela tarde... As cerejeiras se agitavam com o vento que de leve tocava a face de suas folhas magnânimas. O bosque exibia apenas suas cores deslumbrantes, pois um silêncio breve pairava sobre a região. Não era um silêncio comum, era diferente de uma sala falante que logo se silencia, era mais doce. Não era um silêncio comum, era diferente de uma rua movimentada que a noite se esvazia, era mais sereno. Porém de supetão um ruído quebrou a nostalgia partilhada por tudo o que havia ali... Um vulto cruzou algumas árvores, marcando-as com o sangue que escorria de suas mãos e encharcavam os troncos no seu esforço de manter-se em pé.
- O sol já vai se por... - Resmungou o samurai moribundo ao escorar-se em uma cerejeira e apoiar-se sobre sua espada. Ele se esforçou para caminhar por mais alguns metros, sua armadura estava aos pedaços, coberta por sangue frio e alheio, e de sua face, via-se apenas uma longa cicatriz do lado esquerdo que cortava até a sobrancelha e abaixo um olhar profundo de um homem que já descera ao inferno e provara do pior castigo.
Junto com ele, uma brisa forte caminhava e o ultrapassou. Ele olhou para trás, e ao fundo do bosque, lá longe, flagrou uma leve mancha negra e logo o cheiro de carne queimada o alcançou. Ele elevou o braço sobre a face, evitando que seu estômago se embrulhasse ainda mais do que já estava.
- Morte, morte, morte... - repetia o samurai com sigo mesmo. - Ó Grande, deixe-me redimir-me com meus pecados, pois minha honra já está enterrada, minha alma coberta por sangue inocente, ao menos uma vez, me guie para fazer o certo.
O sol não demorou a se esconder, mas logo a frente ele flagrou uma jovem, deitada sobre um gramado fino, era a saída do bosque e o pequeno terreno que se seguia, dava para a ponta de um precipício. Ele apressou-se o máximo que pode e ao alcançar a jovem, tratou de conferir se ela estava viva. A respiração estava fraca e o olhar entreaberto estava distante.
- Não! Mais morte em minhas mãos... Se eu sou amaldiçoado, leve-me de uma vez! - Exclamou o samurai furioso com o destino.
Ele ergueu o corpo semimorto e o carregou por um curto espaço, deitou-o apoiado em uma pedra e passou dois dias a cuidar da jovem. Dia e noite ele a observava sem encarar totalmente, travando uma luta interna com sigo mesmo até que na quarta noite, ao retornar de uma caçada, o corpo não estava mais lá... A jovem desaparecera e deixara para trás apenas a fogueira que o samurai havia acendido. Ele se desesperou, sentiu um forte desconforto em seu peito, mas logo se acomodou e se pôs a comer.
A noite passara duramente, e por todas as horas, ruídos assustadores, gritos e "culpado!" ecoaram de dentro do bosque. O manto negro da noite dava sua última graça e o samurai finalmente descansava, quando um estalo o despertou, ele se apoiou sentado, tentou pegar sua espada, mas sua mão passou no vácuo... Ela sumira. Seu coração acelerou e uma cena se repetiu na sua cabeça, de forma semelhante e ao mesmo tempo distinta.
Um vulto saiu das sobras do bosque, vestindo uma máscara demoníaca... Caminhava sutilmente em direção ao samurai, o qual permanecia imóvel. Seus passos eram suaves, o corpo aos poucos foi se expondo, a máscara já se mostrava completa e logo seios avolumados se ergueram na luz, o corpo afinou na cintura e alargou novamente no quadril, o samurai observou a beleza esfíngica da mulher que caminha em sua direção, pasmo, perdido, inquieto e sem reação. Mais alguns passos, ela estava a menos de três metros do guerreiro, ele esboçou um sorriso perverso que se converteu em uma expressão de terror. De suas costas, a mulher puxou uma lâmina, desembainhando-a, a espada do samurai.
Ele se desesperou e tentou correr, mas a mulher ao vê-lo virar-se e tentando arrastar-se, lançou a lâmina contra seu tendão, um grito ecoou alto. O samurai virou-se atordoado com a dor e encarou com temor a mulher misteriosa.
- Sangue do meu pai! - exclamou ela se aproximando e cravando a espada no ombro do guerreiro. Ele gritou. - Sangue da minha mãe! - puxou a lâmina e cravou no outro ombro. Ele gritou ainda mais alto e as lágrimas começaram a escorrer. - Sangue de meu irmão! - puxou a lâmina na face, marcando outra cicatriz no samurai. Aproximou-se um pouco mais, ajoelhou-se diante dele e o encarou. O samurai tremeu reconhecendo o olhar que transparecia pelos furos da máscara. - Pelo sangue da minha terra amaldiçoada. - Finalizou ela, levou a lâmina ao pescoço do guerreiro e com um deslize, o decapitou.
A cabeça rolou pelo gramado fino, o sol despertou iluminando o cenário mórbido e dando-lhe um novo contraste. As cerejeiras se agitavam com o vento que de leve tocava a face de suas folhas magnânimas. O bosque exibia apenas suas cores deslumbrantes, pois um silêncio breve pairava novamente sobre a região. Não era um silêncio comum, era diferente de uma sala falante que logo se silencia, era mais doce. Não era um silêncio comum, era diferente de uma rua movimentada que a noite se esvazia, era mais sereno. Era o silêncio da morte, da sua passagem, da sua visita, era o silêncio da vingança, da satisfação, era o silêncio da dor, da tristeza... Era o silêncio da guerra.
- O sol já vai se por... - Resmungou o samurai moribundo ao escorar-se em uma cerejeira e apoiar-se sobre sua espada. Ele se esforçou para caminhar por mais alguns metros, sua armadura estava aos pedaços, coberta por sangue frio e alheio, e de sua face, via-se apenas uma longa cicatriz do lado esquerdo que cortava até a sobrancelha e abaixo um olhar profundo de um homem que já descera ao inferno e provara do pior castigo.
Junto com ele, uma brisa forte caminhava e o ultrapassou. Ele olhou para trás, e ao fundo do bosque, lá longe, flagrou uma leve mancha negra e logo o cheiro de carne queimada o alcançou. Ele elevou o braço sobre a face, evitando que seu estômago se embrulhasse ainda mais do que já estava.
- Morte, morte, morte... - repetia o samurai com sigo mesmo. - Ó Grande, deixe-me redimir-me com meus pecados, pois minha honra já está enterrada, minha alma coberta por sangue inocente, ao menos uma vez, me guie para fazer o certo.
O sol não demorou a se esconder, mas logo a frente ele flagrou uma jovem, deitada sobre um gramado fino, era a saída do bosque e o pequeno terreno que se seguia, dava para a ponta de um precipício. Ele apressou-se o máximo que pode e ao alcançar a jovem, tratou de conferir se ela estava viva. A respiração estava fraca e o olhar entreaberto estava distante.
- Não! Mais morte em minhas mãos... Se eu sou amaldiçoado, leve-me de uma vez! - Exclamou o samurai furioso com o destino.
Ele ergueu o corpo semimorto e o carregou por um curto espaço, deitou-o apoiado em uma pedra e passou dois dias a cuidar da jovem. Dia e noite ele a observava sem encarar totalmente, travando uma luta interna com sigo mesmo até que na quarta noite, ao retornar de uma caçada, o corpo não estava mais lá... A jovem desaparecera e deixara para trás apenas a fogueira que o samurai havia acendido. Ele se desesperou, sentiu um forte desconforto em seu peito, mas logo se acomodou e se pôs a comer.
A noite passara duramente, e por todas as horas, ruídos assustadores, gritos e "culpado!" ecoaram de dentro do bosque. O manto negro da noite dava sua última graça e o samurai finalmente descansava, quando um estalo o despertou, ele se apoiou sentado, tentou pegar sua espada, mas sua mão passou no vácuo... Ela sumira. Seu coração acelerou e uma cena se repetiu na sua cabeça, de forma semelhante e ao mesmo tempo distinta.
Um vulto saiu das sobras do bosque, vestindo uma máscara demoníaca... Caminhava sutilmente em direção ao samurai, o qual permanecia imóvel. Seus passos eram suaves, o corpo aos poucos foi se expondo, a máscara já se mostrava completa e logo seios avolumados se ergueram na luz, o corpo afinou na cintura e alargou novamente no quadril, o samurai observou a beleza esfíngica da mulher que caminha em sua direção, pasmo, perdido, inquieto e sem reação. Mais alguns passos, ela estava a menos de três metros do guerreiro, ele esboçou um sorriso perverso que se converteu em uma expressão de terror. De suas costas, a mulher puxou uma lâmina, desembainhando-a, a espada do samurai.
Ele se desesperou e tentou correr, mas a mulher ao vê-lo virar-se e tentando arrastar-se, lançou a lâmina contra seu tendão, um grito ecoou alto. O samurai virou-se atordoado com a dor e encarou com temor a mulher misteriosa.
- Sangue do meu pai! - exclamou ela se aproximando e cravando a espada no ombro do guerreiro. Ele gritou. - Sangue da minha mãe! - puxou a lâmina e cravou no outro ombro. Ele gritou ainda mais alto e as lágrimas começaram a escorrer. - Sangue de meu irmão! - puxou a lâmina na face, marcando outra cicatriz no samurai. Aproximou-se um pouco mais, ajoelhou-se diante dele e o encarou. O samurai tremeu reconhecendo o olhar que transparecia pelos furos da máscara. - Pelo sangue da minha terra amaldiçoada. - Finalizou ela, levou a lâmina ao pescoço do guerreiro e com um deslize, o decapitou.
A cabeça rolou pelo gramado fino, o sol despertou iluminando o cenário mórbido e dando-lhe um novo contraste. As cerejeiras se agitavam com o vento que de leve tocava a face de suas folhas magnânimas. O bosque exibia apenas suas cores deslumbrantes, pois um silêncio breve pairava novamente sobre a região. Não era um silêncio comum, era diferente de uma sala falante que logo se silencia, era mais doce. Não era um silêncio comum, era diferente de uma rua movimentada que a noite se esvazia, era mais sereno. Era o silêncio da morte, da sua passagem, da sua visita, era o silêncio da vingança, da satisfação, era o silêncio da dor, da tristeza... Era o silêncio da guerra.