Estive pensando em postar uma nova, mas com a faculdade apertando e eu estou com muitas coisas na cabeça, não vai fluir legal, e ao menos a história da Greta já está completa e pode ser prazeroso.
Então, espero que gostem e compartilhem! Vai seguir o sistema de As Cinzas da Fênix, então não se preocupem, terá arquivos para download e tudo como antes =D
Vamos lá! o/
O Extraordinário Mundo de Greta
Capítulo I
"Asas de Vidro"
Ultimamente tenho pensado muito no mundo, no presente e passado, e
confesso que um pouco no futuro. Dentre tudo o que anda me ocupando a mente, se
destaca uma lembrança que não sai da minha cabeça, ela vem de forma tão nítida
que o fato parece ter acontecido ontem. Muitos anos atrás, em um dia de árduo
trabalho, passei boa parte do tempo observando algo cativo, talvez poucas
pessoas conheçam, mas o que vi é realmente uma dádiva da natureza. Um pequeno
ser, que faz parte de um grupo muito fascinante, habita entre os humanos e a
natureza, á grosso modo posso dizer que sobrevive entre os humanos e vive na
natureza. A pequenina perfeição se chama Greta Oto ou popularmente, Borboleta
Asas-de-Vidro.
Eu passava por entre as províncias de uma região conhecida como Panamá,
realizando alguns trabalhos em um dia cansativo com muito serviço e pouco
tempo, mas tudo foi jogado ao esquecimento quando passei sobre um campo de
Lantana, uma linda espécie de flor, cheia de cor e vida, e ao reparar sobre
alguns montantes, meus olhos estremeceram. O campo era vasto e repleto de cor.
Ao norte, mais ou menos dois quilômetros, havia um pequeno riacho e algumas mulheres
camponesas trabalhavam à margem do mesmo. Havia um pequeno trecho de trezentos
metros de chão surrado e logo se iniciava o campo, seguindo ao Sul, em minha
direção, e a beleza se alastrava por mais um quilômetro até que encontrava
outro pequenino afluente. O dia estava belo e os raios do Sol davam um charme
extra às cores que se destacavam e em meio a toda a maravilha abundante, um
pequeno detalhe me atiçou a curiosidade. Aproximei-me de um ramo misturado em
um tom amarelo e rosado, confiante de que o que eu vira fosse apenas algo
fictício, um relance. Parada diante de mim estava àquela borboleta, de asas
transparentes. Eu pude ver as veias levemente escurecidas armando uma rede
pouco massiva, e também um contorno que variava de um marrom escuro até um
verde quase esmeralda, como se estivesse protegendo o interior - as camadas
incolores - de uma beleza inestimável. Através das delicadas formas geométricas
transparentes, pude ver as cores da flor onde a Greta pousara buscando o
néctar. Pequenina e perfeita.
Demasiadamente abismado com o que eu vira, fiz questão de registrar o
momento em minha mente, e guardar toda aquela obra natural no fundo das minhas
memórias, afinal, não é todo dia que se pode ver isto. Tive que retomar meu
caminho, logo que me afastei, já senti um aperto em deixar aquele pedaço de
paraíso para trás, olhei rapidamente buscando uma última espiada, mas já estava
distante.
Como o tempo passa rápido, para todos e tudo. É incrível também como as
pessoas reclamam disto, vivem a juventude, muitas vezes supérflua, sem pensar
nas consequências. Se ao menos admirassem o mundo como fiz no passado, e
continuo praticando, elas talvez conseguissem alcançar o desejo de viver mais,
ou até mesmo tratariam o planeta melhor. Mas se negam a experimentar a bondade
e quando chega a hora de partir, inicia-se uma lamentação perturbadora.
Quando estou trabalhando, tenho que enfrentar muitas queixas, eu escuto as pessoas chorarem, reclamarem e algumas tentam até me subornar. Pois é, isto não é o pior, eu sou odiado pelo trabalho que faço, ninguém quer aceitar minha função, assim como não querem que eu a execute, é problemático isso. Me recordo de uma situação, na qual eu deveria executar uma cobrança na casa de uma senhora, ela já passara dos oitenta anos, mas continuava forte, e olha que não era apenas mentalmente, ela conseguia erguer mais peso que muito marmanjo por aí. Esta senhora se chamava Amélia, ela gostava de caminhar enquanto observava o Sol nascendo, uma ótima atividade a meu ver. Muitas vezes eu a encontrava no caminho, perguntava como estavam indo as coisas e conversávamos por alguns minutos. Normalmente não converso quando estou trabalhando, mas eu não aguento, eu me rendo à curiosidade, não sei explicar, as pessoas que trabalham comigo dizem que isto é bobeira, um erro e que pode ser fatal, mas eu não entendo como podem ver desta forma, como não sentem a curiosidade que sinto.
Quando estou trabalhando, tenho que enfrentar muitas queixas, eu escuto as pessoas chorarem, reclamarem e algumas tentam até me subornar. Pois é, isto não é o pior, eu sou odiado pelo trabalho que faço, ninguém quer aceitar minha função, assim como não querem que eu a execute, é problemático isso. Me recordo de uma situação, na qual eu deveria executar uma cobrança na casa de uma senhora, ela já passara dos oitenta anos, mas continuava forte, e olha que não era apenas mentalmente, ela conseguia erguer mais peso que muito marmanjo por aí. Esta senhora se chamava Amélia, ela gostava de caminhar enquanto observava o Sol nascendo, uma ótima atividade a meu ver. Muitas vezes eu a encontrava no caminho, perguntava como estavam indo as coisas e conversávamos por alguns minutos. Normalmente não converso quando estou trabalhando, mas eu não aguento, eu me rendo à curiosidade, não sei explicar, as pessoas que trabalham comigo dizem que isto é bobeira, um erro e que pode ser fatal, mas eu não entendo como podem ver desta forma, como não sentem a curiosidade que sinto.
Passaram-se alguns dias e eu sabia cada vez mais sobre aquela doce
senhora, sobre sua vida, até mesmo receitas de comida e aperitivos ela quis me
ensinar. Amélia morava na Inglaterra, em uma cidade do interior, sua casa era
simples e bem cuidada. Ela era sozinha, o único filho já estava casado, com um
rumo na vida e visitava a mãe sempre que possível. Apesar de algumas vezes eu
sentir a tristeza dela, por estar distante do filho, percebia que estava
satisfeita por ter criado um homem honesto e responsável.
Creio que guardei a doce Amélia nas minhas memórias, por ter sido uma pessoa sensata, honesta, amigável, ela compreendia o mundo, e entre umas conversas e outras, me fez deixar de lado a aversão às falhas humanas, me ensinou a compreender e ponderar. No dia marcado para a cobrança, ela me surpreendeu ainda mais, diferente de quase todas as pessoas que conheci, ela aceitou as condições tranquilamente, e pude fazer meu trabalho sem problema algum.
Creio que guardei a doce Amélia nas minhas memórias, por ter sido uma pessoa sensata, honesta, amigável, ela compreendia o mundo, e entre umas conversas e outras, me fez deixar de lado a aversão às falhas humanas, me ensinou a compreender e ponderar. No dia marcado para a cobrança, ela me surpreendeu ainda mais, diferente de quase todas as pessoas que conheci, ela aceitou as condições tranquilamente, e pude fazer meu trabalho sem problema algum.
Muitas vezes me pego pensando na humanidade. Se as pessoas sabem o que
estão fazendo, apesar do livre arbítrio, parecem baratas tontas em meio ao
lixo, não querendo comparar a Terra com lixo, mas é nisto que estão a
transformando. Um lugar tão belo, com cores tão magníficas, que está se
reduzindo a nada, literalmente nada, e em breve, muito provavelmente, tudo não
passará de um deserto, triste, sem cores, sem beleza. É lamentável, mas é o
direito que a humanidade tem, e por mais que eu não aceite estar vendo tudo indo
por água abaixo desta forma, não posso interferir.
Tem dias que resolvo vagar pelo mundo, caminho pelas ruas, e escuto as
pessoas praguejando meu serviço, algumas clamam por ele, e outras tentam
entender o resultado do meu trabalho. Eu não entendo esta agitação toda, parece
que as pessoas temem o que faço, mas não sou culpado, alguém tem que fazer. Já
pensei em tirar algumas férias, mas a última vez que tentei, fui punido
severamente pelo chefe, e nem reclamar eu posso, este é o problema de ser o
ceifeiro da Morte.
Pelo tempo humano, posso dizer que ontem, recebi uma ordem nova do
chefe. Curioso no mínimo, são raras as ocasiões onde nós mudamos nosso campo de
atuação, a última vez que isto ocorreu, influenciou o fim do império da
majestosa Babilônia; mas quem sou eu para reclamar, mesmo estando acostumado
com o clima quente e úmido da América Latina, devo seguir as ordens. Fui
designado a ser responsável por um perímetro menor do que o de costume. Não
demoraria a chegar, apesar de ser um Ceifeiro e poder me deslocar para qualquer
lugar através do véu espiritual em pouquíssimo tempo, eu sempre adorei
observar, claro que por não ser rápido como deveria, eu era obrigado a me
apressar, mas não importava e nunca importou, eu admiro a paisagem.
Logo estava próximo à região sul do continente Sul Americano, passei por um estado chamado Rio de Janeiro. Há muitos anos, eu não visitava este continente, muitos mesmo, estava passando por ali pela primeira vez após desenvolvida a grande civilização, e devo admitir, fiquei maravilhado com o famoso Pão de Açúcar. Sabe, apesar de eu não me importar muito com coisas mundanas, me dei ao luxo de espiar o tal Cristo Redentor, e realmente posso dizer que é tão belo quanto os monumentos Maias, as estátuas Gregas e outras maravilhas que já pude observar. Notei algo um pouco engraçado, algumas cordas compridas que se esticavam até base superior da montanha, seguindo por elas, pequenas cabines usadas para o transporte. Tudo bem, isto pode não ser engraçado, mas é, quando não se pode sentir o que os humanos sentem, e sinceramente, raras vezes vi as pessoas sentirem tanto medo e tanta emoção ao mesmo tempo.
Mal me dei conta do tempo, pairei sobre os limites do Cristo e aos poucos me dirigi até a montanha novamente, por um momento pensativo. Observei a correria à beira mar, o agito que se formava nas ruas, agora gradualmente se preenchendo de luz vinda dos automóveis, das residenciais, dos comércios e de muitas outras fontes. Fitei um pouco além e já pude observar o crepúsculo dando uma dinâmica inspiradora a cor dos céus, e logo o manto negro estrelado se instalou. Minha atenção foi tomada por um longo e intenso som de buzinas, observei a cidade, agora entre a montanha e a estátua, a cidade brilhava, com uma beleza imensa. Mesmo pasmo com a estonteante beleza do local, eu precisei continuar, avancei na direção sul e em minutos estava sobre São Paulo, a noite tão bela quanto o Rio, porém monótona e mais desprovida de natureza. Continuei avançando e cheguei ao Paraná, seguindo e parando por fim em Curitiba.
Logo estava próximo à região sul do continente Sul Americano, passei por um estado chamado Rio de Janeiro. Há muitos anos, eu não visitava este continente, muitos mesmo, estava passando por ali pela primeira vez após desenvolvida a grande civilização, e devo admitir, fiquei maravilhado com o famoso Pão de Açúcar. Sabe, apesar de eu não me importar muito com coisas mundanas, me dei ao luxo de espiar o tal Cristo Redentor, e realmente posso dizer que é tão belo quanto os monumentos Maias, as estátuas Gregas e outras maravilhas que já pude observar. Notei algo um pouco engraçado, algumas cordas compridas que se esticavam até base superior da montanha, seguindo por elas, pequenas cabines usadas para o transporte. Tudo bem, isto pode não ser engraçado, mas é, quando não se pode sentir o que os humanos sentem, e sinceramente, raras vezes vi as pessoas sentirem tanto medo e tanta emoção ao mesmo tempo.
Mal me dei conta do tempo, pairei sobre os limites do Cristo e aos poucos me dirigi até a montanha novamente, por um momento pensativo. Observei a correria à beira mar, o agito que se formava nas ruas, agora gradualmente se preenchendo de luz vinda dos automóveis, das residenciais, dos comércios e de muitas outras fontes. Fitei um pouco além e já pude observar o crepúsculo dando uma dinâmica inspiradora a cor dos céus, e logo o manto negro estrelado se instalou. Minha atenção foi tomada por um longo e intenso som de buzinas, observei a cidade, agora entre a montanha e a estátua, a cidade brilhava, com uma beleza imensa. Mesmo pasmo com a estonteante beleza do local, eu precisei continuar, avancei na direção sul e em minutos estava sobre São Paulo, a noite tão bela quanto o Rio, porém monótona e mais desprovida de natureza. Continuei avançando e cheguei ao Paraná, seguindo e parando por fim em Curitiba.
A cidade estava iluminada e eu me dirigi ao Centro, onde teria início a
minha área de atuação. Passei por um grande monumento, o qual deduzi ser o
museu do famoso Oscar Niemeyer, ao menos era o que passa na cabeça das pessoas
na proximidade. Logo mais a frente senti uma forte agitação e um movimento
constante, eu estava sobre um prédio, e pelo barulho, imaginei ser um shopping.
Sem me distrair, continuei e senti uma vibração ainda mais forte, quando notei,
já estava sobre uma extensa praça repleta de pessoas, que andavam para todas as
direções, falavam todas ao mesmo tempo, e em sua grande maioria, estavam reunidas
ou nos bares, ou em torno da cabeça de um cavalo que não parava de vomitar em
um chafariz, era o Largo da Ordem. Uma fervorosa onda de excitação me atingiu,
inconscientemente toda aquela multidão estava em contato, não físico, mas a sua
euforia se tornava massiva, e mesmo não notando, ela contaminava a todos que se
aproximavam. Resolvi, a partir daquele ponto, caminhar.
Passei em meio a alguns jovens, adultos e velhos, todos sorrindo, conversando e com uma infinidade de pensamentos lotando suas cabeças, subi a praça até chegar a frente de um casarão, pessoas entravam e saiam, as mulheres em vestidos branco e brilhantes, e os homens em um padrão preto e branco. Na rua que se seguia a direita, ainda subindo a praça, vários homens agitados, iam e vinham carregando várias barras de ferro, lonas e pedaços compridos de madeira. O amontoado de pessoas que se iniciava no Largo, ainda era possível ver por mais algumas quadras, no mesmo ritmo agitado e fervoroso.
Não mais de cinco minutos de caminhada, cheguei a um prédio longo, com um ar um pouco deprimente, em algumas janelas, pude ver luzes fracas acesas, e um pequeno movimento apenas na recepção. O prédio era um hospital, onde senti a presença de inúmeras crianças, adultos e velhos. Me aproximei e comecei a circular o local, segundo minhas instruções, aquele seria o marco zero.
Passei alguns instantes em frente ao hospital, pairei observar as redondezas e sem delongas recebi novas ordens, as quais me indicaram as primeiras almas para serem ceifadas. Com as instruções em mãos e já no local, aproveitei para conhecer a região enquanto ceifava algumas almas até o alvorecer.
Passei em meio a alguns jovens, adultos e velhos, todos sorrindo, conversando e com uma infinidade de pensamentos lotando suas cabeças, subi a praça até chegar a frente de um casarão, pessoas entravam e saiam, as mulheres em vestidos branco e brilhantes, e os homens em um padrão preto e branco. Na rua que se seguia a direita, ainda subindo a praça, vários homens agitados, iam e vinham carregando várias barras de ferro, lonas e pedaços compridos de madeira. O amontoado de pessoas que se iniciava no Largo, ainda era possível ver por mais algumas quadras, no mesmo ritmo agitado e fervoroso.
Não mais de cinco minutos de caminhada, cheguei a um prédio longo, com um ar um pouco deprimente, em algumas janelas, pude ver luzes fracas acesas, e um pequeno movimento apenas na recepção. O prédio era um hospital, onde senti a presença de inúmeras crianças, adultos e velhos. Me aproximei e comecei a circular o local, segundo minhas instruções, aquele seria o marco zero.
Passei alguns instantes em frente ao hospital, pairei observar as redondezas e sem delongas recebi novas ordens, as quais me indicaram as primeiras almas para serem ceifadas. Com as instruções em mãos e já no local, aproveitei para conhecer a região enquanto ceifava algumas almas até o alvorecer.
- > Capítulo II
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